Na COP 24, mulheres indígenas dão o recado: as terras indígenas são fundamentais para conter as mudanças climáticas

As terras indígenas demarcadas são as áreas de proteção mais preservadas da Amazônia brasileira, apresentando os índices mais baixos de desmatamento. A Floresta em pé mantida pelos diferentes povos indígenas através de seus modos próprios tradicionais de manejo e auto-sustentabilidade realizam um serviço único, não só de manutenção da floresta, mas de adaptação aos impactos das mudanças climáticas que precisa ser reconhecido e valorizado, no contexto das negociações globais para manter a temperatura do planeta abaixo de 1,5 graus. Mas para isso é preciso que se garantam os direitos indígenas e seus esforços de manutenção das florestas, o que implica avançar no reconhecimento de seus direitos territoriais. Esse foi o principal recado dado durante a estréia internacional do filme QUENTURA, produzido pela RCA e suas organizações membro em parceira com o Instituto Catitu, lançado em evento no Pavilhão Oficial do Brasil na COP24 em Katowice na Polônia.

Presença indígena na COP24

A COP 24, como é conhecida a Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças do Clima em 2018, está ocorrendo de 02 a 14 de dezembro na cidade de Katowice, na Polônia. Uma delegação composta por mulheres da Rede de Cooperação Amazônica (RCA) está participando do evento com a missão de ampliar as vozes das mulheres indígenas da Amazônia, assim como seus saberes, percepções e práticas de adaptação em relação aos impactos das mudanças do clima no contexto das negociações do clima, num ano onde a criação da Plataforma de Comunidades Locais e Povos indígenas está na pauta das Partes (países membros da Convenção do Clima). Francisca Arara, coordenadora da Associação dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre (AMAAIAC) e presidente da Organização dos Professores Indígenas do Acre (OPIAC) e Almerinda Tariano, diretora executiva da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), acompanhadas por Patricia Zuppi, assessora da Secretaria Executiva da RCA, têm participado de uma intensa agenda que inclui as reuniões preparatórias e as reuniões diárias do Fórum Internacional de Povos Indígenas para Mudanças do Clima (Caucus Indígena), reuniões com parceiros e negociadores da delegação brasileira, sessões de negociação da Plataforma, assim como participação em eventos paralelos nas temáticas sobre florestas e povos indígenas.

No dia 06 de dezembro o grupo teve uma atribuição a mais, junto com Nara Baré, coordenadora da Coordenação dos Povos Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), Monica Camacho da Fundação Rainforest da Noruega (RFN) e outras parceiras indígenas do Brasil e do Mundo, participaram do evento paralelo proposto pela RCA no Espaço Brasil (Pavilhão do Ministério do Meio Ambiente na COP24): “Saberes, percepções e colaborações das mulheres indígenas da Amazônia brasileira em relação ao meio ambiente e às mudanças do clima”.

Após a abertura ritual conduzida pela cacique Anália Tuxá (da APOINME) e a estréia internacional do filme QUENTURA, que aborda as percepções das mulheres indígenas sobre as mudanças do clima na Amazônia, Almerinda, Francisca, Nara, Monica e Patricia conduziram um painel a partir do contexto abordado no filme propondo uma reflexão sobre a colaboração das mulheres indígenas nos processos de adaptação e mitigação da floresta.

Com um público amplo que lotou o Espaço Brasil e se expandiu para o seu lado externo, formado por financiadores, representantes governamentais, ONGs  e muitas mulheres indígenas de outras regiões do mundo, o evento terminou com as representantes indígenas atendendo várias solicitações da imprensa mundial.

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Rede de Cooperação Amazônica

A RCA tem como missão promover a cooperação e troca de conhecimentos, saberes, experiências e capacidades entre as organizações indígenas e indigenistas que a compõem, para fortalecer a autonomia e ampliar a sustentabilidade e bem estar dos povos indígenas no Brasil.