QUENTURA recebe dois prêmios em festival internacional de cinema
O documentário Quentura produzido pela RCA, com direção de Mari Corrêa, foi premiado no 29o “Festival Présence Autochtone” (Presença Indígena), que ocorreu entre os dias 06 e 14 de agosto, em Montreal/Canadá.
O Festival “Presença Indígena” é um espaço para intercâmbios entre os povos indígenas e destaca a arte, a história e as tradições dos povos indígenas nas Américas. As culturas indígenas, tradicionais e contemporâneas, são expressas em sua diversidade e vitalidade. Organizado pela Associação “Terres en vue” (Terras à vista), este festival é realizado anualmente em Montreal desde 1990.
Um filme produzido em rede
A partir dos depoimentos de mulheres de distintas comunidades do Alto Rio Negro (na fronteira do estado do Amazonas com a Colômbia), da Terra Indígena Yanomami (no estado do Amazonas) e da Terra Indígena Kaxinawa do Rio Jordão (no estado do Acre) sobre seu vasto universo de conhecimentos e práticas de roça, o filme busca também compartilhar suas percepções sobre as alterações observadas nos indicadores tradicionais de tempo, no ritmo das estações, no calendário das roças e da pesca e nas relações entre as esferas cosmológicas.
Dentre as falas e conversas produzidas em meio ao cotidiano destas mulheres em suas aldeias, Quentura traz ainda o alerta de mulheres indígenas que têm se destacado na atuação e incidência política na área de clima sobre o papel importante dos povos indígenas na preservação e proteção dos biomas a partir de seus saberes e práticas tradicionais de manejo, da relação com o meio ambiente e de seus modos de vida. Concluindo que “sem terra os povos indígenas não têm vida, sem terra não tem saúde, sem terra não tem meio ambiente”, o filme destaca que a demarcação de terras e o cumprimento dos direitos indígenas é um ponto crucial também para a regulação do clima.
Quentura, produzido pela Rede de Cooperação Amazônica-RCA em parceria com o Instituto Catitu, e apoio da Fundação Rainforest da Noruega, teve em sua fase de filmagem a participação das organizações membro da RCA, que articularam a produção local nas diferentes terras indígenas apresentadas. A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN, a Associação dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre – AMAAIAC, Hutukara – Associação Yanomami e o Instituto Socioambiental – ISA/Rio Negro não só participaram ativamente na realização da produção nas terras indígenas, mas seus representantes tiveram papel fundamental na mobilização e articulação das mulheres indígenas de cada região e na produção das conversas, assim como na tradução das falas registradas.
O Conselho Indígena de Roraima – CIR também contribuiu com o depoimento de sua coordenadora do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental, Sinéia do Vale, do povo wapichana, que tem sido referência local, nacional e internacional nesta área. Por isso, Quentura, resulta de uma produção em rede, que tem como diretora convidada a premiada cineasta Mari Corrêa (de “Para onde foram as andorinhas?”, ISA/Catitu, 2015).
Premiação internacional de melhor filme
Quentura, desde sua estréia no Cine SESC – SP em 2018, tem sido exibido em aldeias, universidades e festivais, dentro e fora do Brasil, incluindo uma sessão na Conferência Mundial do Clima – COP 24 – no final de 2018 na Polônia, seguida de um painel com mulheres indígenas da Amazônia brasileira. Nas sessões, a presença de mulheres indígenas tem proporcionado ao público oportunidades únicas de ouvir pessoalmente os seus relatos sobre como as mudanças climáticas afetam diretamente os seus modos de vida.
O filme recebeu dois prêmios nesta 29o edição do “Festival Présence Autochtone”:
– O Prêmio do Melhor Curta-Metragem Internacional:
O júri descreveu: “O impacto das mudanças climáticas relatado por mulheres de diferentes comunidades indígenas da Amazônia com base em sua realidade diária, suas práticas ancestrais e sua relação com o mundo espiritual. Filme que toca pela sinceridade, pela simplicidade e a autenticidade que emana.”
– O Primeiro Prêmio Rigoberta Menchú – Comunidades, que é um dos 3 Grandes Prêmios atribuídos anualmente no Festival:
O júri escolheu Quentura “por dar voz às mulheres indígenas da região amazônica, que falam aqui em suas próprias línguas, pelo aprimoramento da cosmovisão dos povos indígenas – mais necessário do que nunca para o bem-estar e a sobrevivência da humanidade – , por ser um documentário que fornece uma luz essencial sobre a crise climática que está afetando o planeta hoje.”
Quentura está disponível no Vimeo em português, inglês e espanhol. Confira e espalhe!
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