Baixe o documentário “Do Protocolo Wajãpi à Consulta Prévia”

A Rede de Cooperação Amazônica (RCA) disponibiliza para download o documentário “Do Protocolo Wajãpi à Consulta Prévia”, que traz depoimentos sobre a elaboração do Protocolo de Consulta e Consentimento Wajãpi e registros das duas primeiras etapas de um processo de consulta a este povo indígena. Tal processo está sendo realizado pelo Incra e pelo Instituto Estadual de Florestas do Amapá sobre mudanças no zoneamento do entorno da Terra Indígena Wajãpi. Trata-se do primeiro processo de consulta prévia no Brasil realizado a partir de um protocolo indígena. Esse protocolo foi uma iniciativa pioneira de um povo indígena a estabelecer regras próprias para ser consultado pelo Estado, direito garantido pela Convenção 169 da OIT.

“Do Protocolo Wajãpi à Consulta Prévia” foi realizado pela Rede de Cooperação Amazônica em parceria com o Iepé e o Conselho das Aldeias Wajãpi, com apoio da Fundação Rainforest da Noruega, produção da 7G Documenta, roteiro, direção e edição de Rodrigo Arajeju.

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Documento Final do 15° Acampamento Terra Livre

Brasília – DF, 24 a 26 de abril 201
Resistimos há 519 anos e continuaremos resistindo

Nós, mais de 4 mil lideranças de povos e organizações indígenas de todas as regiões do Brasil, representantes de 305 povos, reunidos em Brasília (DF), no período de 24 a 26 de abril de 2019, durante o XV Acampamento Terra Livre (ATL), indignados pela política de terra arrasada do governo Bolsonaro e de outros órgãos do Estado contra os nossos direitos, viemos de público manifestar:

  1. O nosso veemente repúdio aos propósitos governamentais de nos exterminar, como fizeram com os nossos ancestrais no período da invasão colonial, durante a ditadura militar e até em tempos mais recentes, tudo para renunciarmos ao nosso direito mais sagrado: o direito originário às terras, aos territórios e bens naturais que preservamos há milhares de anos e que constituem o alicerce da nossa existência, da nossa identidade e dos nossos modos de vida.
  2. A Constituição Federal de 1988 consagrou a natureza pluriétnica do Estado brasileiro. No entanto, vivemos o cenário mais grave de ataques aos nossos direitos desde a redemocratização do país. O governo Bolsonaro decidiu pela falência da política indigenista, mediante o desmonte deliberado e a instrumentalização política das instituições e das ações que o Poder Público tem o dever de garantir.
  3. Além dos ataques às nossas vidas, culturas e territórios, repudiamos os ataques orquestrados pela Frente Parlamentar Agropecuária contra a Mãe Natureza. A bancada ruralista está acelerando a discussão da Lei Geral do Licenciamento Ambiental, em conluio com os ministérios do Meio Ambiente, Infraestrutura e Agricultura. O projeto busca isentar atividades impactantes de licenciamento e estabelece em uma única etapa as três fases de licenciamento, alterando profundamente o processo de emissão dessas autorizações em todo o país, o que impactará fortemente as Terras Indígenas e seus entornos.
  4. O projeto econômico do governo Bolsonaro responde a poderosos interesses financeiros, de corporações empresariais, muitas delas internacionais, do agronegócio e da mineração, dentre outras. Por isso, é um governo fortemente entreguista, antinacional, predador, etnocida, genocida e ecocida.

Reivindicações do XV Acampamento Terra Livre

Diante do cenário sombrio, de morte, que enfrentamos, nós, participantes do XV Acampamento Terra Livre, exigimos, das diferentes instâncias dos Três Poderes do Estado brasileiro, o atendimento às seguintes reivindicações:

  1. Demarcação de todas as terras indígenas, bens da União, conforme determina a Constituição brasileira e estabelece o Decreto 1775/96. A demarcação dos nossos territórios é fundamental para garantir a reprodução física e cultural dos nossos povos, ao mesmo tempo que é estratégica para a conservação do meio ambiente e da biodiversidade e a superação da crise climática. Ações emergenciais e estruturantes, por parte dos órgãos públicos responsáveis, com o propósito de conter e eliminar a onda crescente de invasões, loteamentos, desmatamentos, arrendamentos e violências, práticas ilegais e criminosas que configuram uma nova fase de esbulho das nossas terras, que atentam contra o nosso direito de usufruto exclusivo.
  2. Exigimos e esperamos que o Congresso Nacional faça mudanças na MP 870/19 para retirar as competências de demarcação das terras indígenas e de licenciamento ambiental do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e que essas competências sejam devolvidas ao Ministério da Justiça (MJ) e à Fundação Nacional do Índio (Funai). Que a Funai e todas as suas atribuições sejam vinculadas ao Ministério da Justiça, com a dotação orçamentária e corpo de servidores necessários para o cumprimento de sua missão institucional de demarcar e proteger as terras indígenas e assegurar a promoção dos nossos direitos.
  3. Que o direito de decisão dos povos isolados de se manterem nessa condição seja respeitado. Que as condições para tanto sejam garantidas pelo Estado brasileiro com o reforço das condições operacionais e ações de proteção aos territórios ocupados por povos isolados e de recente contato.
  4. Revogação do Parecer 001/2017 da Advocacia Geral da União (AGU).
  5. Manutenção do Subsistema de Saúde Indígena do SUS, que é de responsabilidade federal, com o fortalecimento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), a garantia da participação e do controle social efetivo e autônomo dos nossos povos e as condições necessárias para realização da VI Conferência Nacional de Saúde Indígena. Reiteramos a nossa posição contrária a quaisquer tentativas de municipalizar ou estadualizar o atendimento à saúde dos nossos povos.
  6. Efetivação da política de educação escolar indígena diferenciada e com qualidade, assegurando a implementação das 25 propostas da segunda Conferência Nacional e dos territórios etnoeducacionais. Recompor as condições e espaços institucionais, a exemplo da Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena, na estrutura administrativa do Ministério da Educação para assegurar a nossa incidência na formulação da política de educação escolar indígena e no atendimento das nossas demandas que envolvem, por exemplo, a melhoria da infraestrutura das escolas indígenas, a formação e contratação dos professores indígenas, a elaboração de material didático diferenciado.
  7. Implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e outros programas sociais voltados a garantir a nossa soberania alimentar, os nossos múltiplos modos de produção e o nosso Bem Viver.
  8. Restituição e funcionamento regular do Conselho Nacional de Política Indigenista (CNPI) e demais espaços de participação indígena, extintos juntamente com outras instâncias de participação popular e controle social, pelo Decreto 9.759/19. O CNPI é uma conquista nossa como espaço democrático de interlocução, articulação, formulação e monitoramento das políticas públicas específicas e diferenciadas, destinadas a atender os direitos e aspirações dos nossos povos.
  9. Fim da violência, da criminalização e discriminação contra os nossos povos e lideranças, praticadas inclusive por agentes públicos, assegurando a punição dos responsáveis, a reparação dos danos causados e comprometimento das instâncias de governo na proteção das nossas vidas.
  10. Arquivamento de todas as iniciativas legislativas anti-indígenas, tais como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/00 e os Projetos de Lei (PL) 1610/96, PL 6818/13 e PL 490/17, voltadas a suprimir os nossos direitos fundamentais: o nosso direito à diferença, aos nossos usos, costumes, línguas, crenças e tradições, o direito originário e o usufruto exclusivo às terras que tradicionalmente ocupamos.
  11. Aplicabilidade dos tratados internacionais assinados pelo Brasil, que inclui, entre outros, a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), as Convenções da Diversidade Cultural, Biológica e do Clima, a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Declaração Americana dos Direitos dos Povos Indígenas. Tratados esses que reafirmam os nossos direitos à terra, aos territórios e aos bens naturais e a obrigação do Estado de nos consultar a respeito de medidas administrativas e legislativas que possam nos afetar, tal como a implantação de empreendimentos que impactam as nossas vidas.
  12. Cumprimento, pelo Estado brasileiro, das recomendações da Relatoria Especial da ONU para os povos indígenas e das recomendações da ONU enviadas ao Brasil por ocasião da Revisão Periódica Universal (RPU), todas voltadas a evitar retrocessos e para garantir a defesa e promoção dos direitos dos povos indígenas do Brasil.
  13. Ao Supremo Tribunal Federal (STF), reivindicamos não permitir e legitimar nenhuma reinterpretação retrógrada e restritiva do direito originário às nossas terras tradicionais. Esperamos que, no julgamento do Recurso Extraordinário 1.017.365, relacionado ao caso da Terra Indígena Ibirama Laklanõ, do povo Xokleng, considerado de Repercussão Geral, o STF reafirme a interpretação da Constituição brasileira de acordo com a tese do Indigenato (Direito Originário) e que exclua, em definitivo, qualquer possibilidade de acolhida da tese do Fato Indígena (Marco Temporal).

Realizamos este XV Acampamento Terra Livre para dizer ao Brasil e ao mundo que estamos vivos e que continuaremos em luta em âmbito local, regional, nacional e internacional. Nesse sentido, destacamos a realização da Marcha das Mulheres Indígenas, em agosto, com o tema “Território: nosso corpo, nosso espírito”.

Reafirmamos o nosso compromisso de fortalecer as alianças com todos os setores da sociedade, do campo e da cidade, que também têm sido atacados em seus direitos e formas de existência no Brasil e no mundo.

Seguiremos dando a nossa contribuição na construção de uma sociedade realmente democrática, plural, justa e solidária, por um Estado pluricultural e multiétnico de fato e de direito, por um ambiente equilibrado para nós e para toda a sociedade brasileira, pelo Bem Viver das nossas atuais e futuras gerações, da Mãe Natureza e da Humanidade. Resistiremos, custe o que custar!

Brasília (DF), 26 de abril de 2019.

XV ACAMPAMENTO TERRA LIVRE
ARTICULAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL (APIB)
MOBILIZAÇÃO NACIONAL INDÍGENA (MNI)

Baixe pdf do documento final do 15° ATL aqui.

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Documentário sobre o Protocolo de Consulta Wajãpi é lançado em Macapá

Vídeo registra a primeira experiência de realização de uma consulta prévia com base em um protocolo indígena no Brasil

O documentário “Do Protocolo Wajãpi à Consulta Prévia”, realizado pela Rede de Cooperação Amazônica – RCA, teve sua primeira exibição pública no dia 22 de abril, em evento realizado na sede do Ministério Público Federal no Amapá, com a participação de representantes do MPF, Funai, Associação Wajãpi Terra, Ambiente e Cultura, Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas do Estado do Amapá, Instituto Estadual de Florestas, INCRA e Instituto de Pesquisa e Formação Indígena – Iepé. O vídeo traz depoimentos sobre a elaboração do “Protocolo de Consulta e Consentimento Wajãpi” e registros das reuniões de consulta em que este documento vem sendo utilizado para discutir alterações no ordenamento territorial de uma área vizinha à Terra Indígena Wajãpi (TIW). Esta é a primeira experiência de realização de uma consulta prévia com base em um protocolo indígena no Brasil.

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Assista ao vídeo “Protocolo de Consulta dos Povos Indígenas de Oiapoque”

No dia 22 de fevereiro de 2019, os povos Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi Kali’na aprovaram, em assembleia,  o Protocolo de Consulta dos Povos Indígenas do Oiapoque, elaborado com apoio da Rede de Cooperação Amazônica – RCA. O documento orienta os procedimentos adequados para a garantia de uma consulta livre, prévia, informada e de boa fé, conforme garantida pela Convenção 169 da OIT e pela Constituição Federal de 1988.

Saiba mais sobre o documento no vídeo Protocolo de Consulta dos Povos Indígenas de Oiapoque, produzido por Davi Marworno:

Assembleia dos Povos Indígenas do Oiapoque aprova Protocolo de Consulta

Lideranças dos quatro povos indígenas da região ratificaram o documento, elaborado com apoio da RCA, que explica para o governo e demais interessados a forma como devem ser consultados frente a qualquer medida que possa lhes afetar

Cerca de 300 pessoas participaram da assembleia que aprovou o Protocolo de Consulta

No dia 22 de fevereiro de 2019, durante a XXVII Assembleia de Avaliação e Planejamento dos Povos Indígenas do Oiapoque, que reuniu em torno de 300 participantes dos povos Karipuna, Palikur, Galibi Marworno e Galibi Kali’na, na aldeia Kumarumã (Terra Indígena Uaçá – Oiapoque/AP), foi aprovado o Protocolo de Consulta dos Povos Indígenas do Oiapoque. O documento, elaborado com apoio da Rede de Cooperação Amazônica – RCA, orienta os procedimentos adequados para a garantia de uma consulta livre, prévia, informada e de boa fé, conforme garantida pela Convenção 169 da OIT e pela Constituição Federal de 1988.

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Sociedade civil divulga manifesto em defesa do meio ambiente

Um conjunto de 31 redes e organizações da sociedade civil divulgou, no último dia 19, um manifesto em defesa do meio ambiente (acesse o manifesto na íntegra). O texto é assinado por organizações específicas e redes que congregam centenas de outras entidades, como a Rede Mata Atlântica (RMA), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o Observatório do Clima, a Rede de Cooperação Amazônica (RCA) e o Iepé.

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Protocolos de Consulta Prévia em pauta na ONU

Na ONU, Ianukula Suia Kaiabi, liderança do Parque Indígena do Xingu, afirma que governo brasileiro não consulta sobre obras de infraestrutura já instaladas ou em operação, dentro e fora de seu território.

“Nosso território está intensamente cercado por estradas, pequenas centrais hidrelétricas e plantações de soja. Apesar dos graves impactos que temos sofrido, o governo continua se negando a consultar as muitas obras de infraestrutura planejadas dentro e fora do nosso território”, afirmou Ianukula, durante a sessão do Mecanismo de Experto sobre Direitos dos Povos Indígenas que discute um estudo sobre consentimento livre, prévio e informado, em Genebra, Suíça.

Em seu pronunciamento oral na tarde desta segunda-feira, 9 de julho, Ianukula falou também sobre os protocolos próprios de consulta prévia elaborados por povos indígenas e comunidades tradicionais.

“O objetivo dos nossos protocolos é informar ao Estado a forma que consideramos adequada para nos consultar, nossos representantes legítimos e o que esperamos como resultado de um processo de consulta e consentimento. Os protocolos de consulta elaborados, discutidos e pactuados de forma autônoma por cada povo são instrumentos que deixam explícitas nossas regras de governança interna para tomar decisões, para dialogar com as diferentes instâncias do Estado e para implementar nossos acordos dentro e fora de nossos territórios. Por isso exigimos que nossos produtos sejam reconhecidos e respeitados”.

O primeiro tema da agenda de trabalho do Mecanismo de Peritos foi a discussão de um estudo realizado sobre consentimento livre, prévio e informado. No rascunho,  colocado em discussão no plenário do Conselho de Direitos Humanos, os peritos da ONU recomendam que os Estados devem respeitar os protocolos indígenas existentes e promovê-los como” medida fundamental para preparar os povos indígenas para sua participação nas consultas com os Estados, assim como para o bom funcionamento dessas consultas”.

Ianukula Kaiabi integra a delegação da Rede de Cooperação Amazônica que esta semana participa do 11o. Período de Sessões do Mecanismo, no Conselho de Direitos Humanos.

A delegação da RCA é integrada por Bel Juruna, da Volta Grande do Xingu, Biviany Rojas (do ISA), e pelo Secretário executivo da RCA, Luis Donisete Benzi Grupioni. O grupo permanece em Genebra até o próximo dia 13 de julho participando das sessões no Conselho de Direitos Humanos da ONU, e amanhã realizam o evento “Experiências de autonomia política e diálogo intercultural no Brasil: protocolos autônomos de consulta e consentimento livre, prévio e informado”, que contará com a participação de Érika Yamada, eleita no início da sessão, no dia 9 de julho,  para a presidência do Mecanismo de Povos Indígenas da ONU.

RCA lança publicação sobre consulta prévia em Genebra

 

capa-1A Rede de Cooperação Amazônica – RCA lançará em Genebra, Suíça, na próxima 4ª. feira, dia 21 de setembro de 2016, a publicação “OBSTACLES AND RESISTANCE to the process of implementing  the right to free, prior and informed  consultation and consent in Brazil” (Dificuldades e resistências no processo de implementação do direito à consulta livre, prévia e informada no Brasil). A publicação será lançada em evento paralelo à 33ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (UNHRC), intitulada “Direitos indígenas: perspectivas em tempos de retrocesso e violência no Brasil”. Participam do evento Davi Yanomami (Hutukara/RCA), Sonia Bone Guajajara (APIB), Elizeu Lopes (Grande Assembleia Guarani e Kaiowa), além de outros representantes dos povos indígenas que estarão em Genebra para acompanhar a apresentação do relatório da relatora especial sobre direitos dos povos indígenas da ONU, Victoria Tauli-Corpuz, referente a sua missão no Brasil, em março deste ano.

A publicação contém o documento preparado pelas organizações que integram a RCA e que foi apresentado no escritório da ONU, em Brasília, durante audiência realizada enquanto Victoria Tauli-Corpuz esteve no Brasil, e apresenta um balanço da situação de descumprimento do direito de consulta prévia no país por parte do governo brasileiro.

Saiba mais sobre o evento em Genebra.

 

Rede de Cooperação Amazônica

A RCA tem como missão promover a cooperação e troca de conhecimentos, saberes, experiências e capacidades entre as organizações indígenas e indigenistas que a compõem, para fortalecer a autonomia e ampliar a sustentabilidade e bem estar dos povos indígenas no Brasil.