Povos indígenas, mudanças climáticas e incidência política

É reconhecido o papel que desempenham os povos indígenas, seus modos tradicionais de vida e uso dos recursos naturais na conservação dos ecossistemas que habitam. Como aponta o recente estudo publicado na revista científica americana Proceedings of the National Academy of Science (2020), realizado por cientistas, especialistas em política e líderes indígenas do Woods Hole Research Center, COICA, RAISG, EDF e IPAM; por décadas, enquanto aumentavam as taxas de desmatamento em toda a Amazônia, as terras indígenas seguiram com índices irrelevantes,  resultado direto dos modos de ocupação e do manejo de recursos naturais que esses povos realizam.  Os dados científicos comprovam a importância global dos territórios indígenas, através da preservação das florestas e da biodiversidade que abrigam, na manutenção dos estoques de carbono que ajudam a regular o clima e evitar que o aquecimento global se intensifique. A Amazônia é o berço da maior floresta tropical do mundo, e suas Terras Indígenas e Unidades de Conservação são as áreas com maior estoque de carbono.

Mas o estudo aponta ainda uma mudança preocupante neste panorama, se as Terras Indígenas podem ser compreendidas como verdadeiras barreiras ao desmatamento, também é consenso que estes territórios estão entre os mais vulneráveis às pressões externas e impactos climáticos. O contínuo desmatamento em seu entorno, a contaminação e a degradação das nascentes, rios e do solo, a pressão para a instalação de grandes obras, o garimpo ilegal, as invasões e o aumento das queimadas estão entre os fatores externos que têm impactado drasticamente as terras indígenas e suas florestas, assim como os modos de viver, a subsistência e as culturas desses povos.  Os cientistas reforçam o alerta das lideranças indígenas sobre a importância da proteção de seus territórios e do cumprimento de seus direitos. Embora as emissões dentro das terras indígenas permaneçam bem abaixo dos níveis externos, o desmatamento desenfreado das florestas está em ascensão nos nove países da Amazônia. No Brasil esta situação tem se agravado com a tendência à uma política governamental direcionada à exploração econômica da floresta Amazônica, que tem resultado, nos últimos anos, no enfraquecimento dos mecanismos de proteção ambiental e dos direitos indígenas.

Têm sido crescentes as percepções e preocupações das comunidades indígenas da Amazônia em relação aos impactos ambientais vivenciados. Incêndios descontrolados, secas intensas, temperaturas extremas, alterações no ritmo e indicadores das estações, nos ciclos das chuvas e dos rios e alagamentos têm alterado os calendários tradicionais de roça, pesca e caça e impactado não só as formas de subsistência, com a crescente perda de alimentos, mas também suas práticas e tradições culturais que fazem parte de seu bem viver. Os incêncios recentes na Amazônia mostraram ao mundo todo a gravidade desta situação, onde os povos tradicionais são diretamente atingidos. Compreender que estes impactos percebidos nas florestas implicam um contexto mais global e são resultantes de ações e empreendimentos externos aos povos que nelas habitam, suscita a necessidade de promover debates que envolvam distintos atores e pontos de vista, onde as comunidades indígenas e locais se inserem como porta-vozes e protetores das florestas, de suas culturas e de seus direitos.

Representantes indígenas na COP 23 em Bonn/Alemanha (novembro de 2017)

A RCA, enquanto uma rede de cooperação formada por 14 organizações indígenas e indigenistas da Amazônia brasileira, tem buscado incidir e colaborar nas discussões e na formulação e implementação de políticas e financiamentos que envolvam as questões ambientais e climáticas nas terras indígenas; promovendo maior participação e protagonismo de seus representantes.

Capacitar lideranças indígenas para uma participação qualificada nos debates sobre mudanças climáticas em nível local, nacional e internacional; apoiar a participação destes representantes em espaços relevantes de discussão e negociação das questões climáticas; incidir na elaboração e implementação de políticas diferenciadas de clima; promover a articulação com outros atores governamentais e da sociedade civil; difundir informações e elaborar materiais para o compartilhamento das perspectivas dos povos indígenas; promover ações afirmativas para ampliar a participação de mulheres indígenas nesta pauta são eixos de ação da RCA sobre esse tema.

Seminário de formatura da capacitação de lideranças indígenas em Mudanças Climáticas e Incidência Política RCA/ISA (Câmara dos Deputados, 2017)
Diálogo de Talanoa dos Povos Indígenas do Brasil, promovido pela Câmara Técnica de Mudanças Climáticas do CG Pngati, parceria FUNAI, MMA, MRE e RCA (Memorial dos Povos Indígenas, Brasília, 2018)
Encontro de Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira, com a presença da Deputada Federal Joênia Wapichana (TI Raposa Serra do Sol, 2018)
Participação na Conferência Brasileira de Mudanças Climáticas (Recife/PE, 2019)
Membros da RCA na Primeira Reunião da Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas – Fórum Internacional de Povos Indígenas para Mudanças do Clima (UNFCCC, Bonn, 2019)

ESFORÇOS GLOBAIS PARA CONTER O AUMENTO DA TEMPERATURA DO PLANETA

Com o objetivo de fortalecer a resposta global à ameaça das mudanças do clima e de reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos decorrentes dessas mudanças, o Acordo de Paris foi adotado na 21ª Conferência das Partes (COP21) da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças do Clima (UNFCCC, sigla em inglês), realizada em 2015, na cidade de Paris/França.

A UNFCCC é o órgão das Nações Unidas criado a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Mundial do Clima – mais conhecida como Cúpula do Clima Rio 92, com o objetivo de estabilização da emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera em níveis que evitem a interferência perigosa no sistema climático. A UNFCCC foi firmada por 195 países que se comprometeram a adotar medidas para a redução emissões dos gases do efeito estufa que geram o aumento da temperatura do planeta, de modo que os ecossistemas possam se adaptar naturalmente às mudanças climáticas em curso, garantindo que a produção de alimentos não seja ameaçada e permitindo que o desenvolvimento econômico prossiga de forma sustentável.

O Acordo de Paris, assinado pelos 195 países membros da UNFCCC, prevê metas e compromissos desses países para a redução da emissão destes gases, produzidos pelo uso intenso de combustíveis fósseis, pelas queimadas, pelo desmatamento e pelo consumo excessivo de carne, entre outros fatores. A meta central do Acordo é unir esforços para conter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais e de ampliar esforços para limitar o aumento da temperatura a, no máximo, 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

Para alcançar o objetivo final do Acordo de Paris os governos se envolveram na construção de seus próprios compromissos, a partir das chamadas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês), em que cada país apresenta a sua contribuição de redução de emissões, conforme o que cada governo considera viável a partir do cenário social e econômico local. A cada cinco anos os governos devem comunicar de forma voluntária os mecanismos para a revisão das suas contribuições, para que as metas possam ser ampliadas.  Espera-se através da ampliação das contribuições dos países limitar o aumento progessivo da temperatura do planeta.

A NDC do Brasil entrou em vigor no plano internacional em 4 de novembro de 2016 e prevê a redução até 2025 das emissões de gases de efeito estufa em até 37% (comparados aos níveis emitidos em 2005), estendendo essa meta para 43% até 2030. As principais medidas do governo brasileiro propostas em sua NDC são:

  • Diminuir o desmatamento e alcançar o desmatamento ilegal zero na floresta Amazônica até 2030;
  • Restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares até 2030;
  • Restaurar adicionalmente 15 milhões de hectares de pastagens degradadas e outros 5 milhões de hectares de sistemas de integração lavoura-pecuária-florestas até 2030;
  • Aumentar o uso de fontes alternativas de energia;
  • Aumentar a participação de bioenergias sustentáveis na matriz energética brasileira para 18% até 2030;
  • Utilizar tecnologias limpas nas indústrias;
  • Melhorar a infraestrutura dos transportes.

Com o intuito de planejar a implantação e o financiamento das ações e medidas previstas na NDC, o Ministério do Meio Ambiente – MMA articulou a elaboração de uma Estratégia Nacional para a Implementação e o Financiamento da NDC do Brasil. Neste processo, a sociedade civil foi convidada a submeter suas contribuições de modo virtual. Os povos indígenas do Brasil deram a sua contribuição à Consulta Pública da NDC do Brasil através de uma proposta elaborada e submetida pela Câmara Técnica de Mudanças Climáticas do Comitê Gestor da PNGATI (Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas).

Esta Câmara Técnica de Mudanças Climáticas, instituída em 2016 durante a 8ª Reunião do Comitê Gestor da PNGATI, é o órgão auxiliar deste Comitê para assessoria técnica no que se refere à identificação de interfaces e sinergias entre políticas, programas e iniciativas relacionadas à temática de mudança do clima e de gestão territorial e ambiental de terras indígenas. Composta por membros do Comitê Gestor da PNGATI, do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas – CIMC, de órgãos governamentais (FUNAI, MMA, MRE) e de organizações parceiras, entre as quais a RCA; esta Câmara Técnica se articula na perspectiva de contribuir com a incidência qualificada de representantes indígenas e indigenistas nos espaços de governança relacionados ao tema.

INCIDÊNCIA DOS POVOS INDÍGENAS DO BRASIL NAS POLÍTICAS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

O Comitê Indígena de Mudanças Climáticas (CIMC) é uma iniciativa do movimento indígena do Brasil, que conta com o apoio de instituições parceiras, cujos objetivos são acompanhar e participar dos debates relacionados à mudança do clima e promover o diálogo entre povos indígenas e governo, com vistas a aumentar a incidência indígena no tema. O CIMC resulta de um processo de discussão e formação, realizado em 2014 pela FUNAI, APIB e IPAM denominado “As mudanças climáticas sob o olhar dos Povos Indígenas do Brasil”, que contou com a realização de três seminários. Diante da demanda apresentada pelos participantes de continuidade de uma formação contínua e qualificada e o engajamento dos povos indígenas na temática, o CIMC foi estabelecido em setembro de 2015, com representantes das cinco regiões do Brasil e das diferentes organizações regionais de base da APIB. Além dessa representação regional, há uma indígena que representa a temática de gênero e um indígena que é membro titular da CONAREDD+.

POVOS INDÍGENAS E O ACORDO DE PARIS

Representantes indígenas e governos na COP24 (Katowice, 2018): comemoração da aprovação da Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas na UNFCCC

O Acordo de Paris, além de promover esforços em todos os setores para a redução das emissões, que incluem a redução do desmatamento e a proteção das florestas, traz em seu texto duas menções diretas aos povos indígenas.

* Através do Acordo de Paris ficou estabelecido que a comunidade internacional deveria incluir nas negociações do clima o respeito aos direitos dos povos indígenas dentro de uma estrutura de direitos humanos (Preâmbulo do Acordo).

* A comunidade internacional também deve seguir uma abordagem participativa, e conforme o caso, levar em consideração o conhecimento dos povos indígenas para que as políticas socioeconômicas e ambientais sejam apropriadas (Articulo 7.5 do Acordo)

O Acordo de Paris previu o estabelecimento de uma Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas para troca de conhecimentos e compartilhamento de melhores práticas de mitigação e adaptação, assim como propiciar maior participação dos povos indígenas e comunidades locais nas discussões e negociações de políticas e financiamentos de clima.

PLATAFORMA DE COMUNIDADES LOCAIS E POVOS INDÍGENAS

Membros da RCA e COIAB na Primeira Reunião do Grupo de Trabalho Facilitador da Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas – Fórum Internacional de Povos Indígenas para Mudanças do Clima (UNFCCC, Bonn, 2019)

A Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas (LCIPP, sigla em inglês) está sendo criada no órgão das Nações Unidas para Mudanças do Clima (UNFCCC) a partir do Acordo de Paris (COP- 21,2015), que reconhece o valor e a importância de fortalecer os conhecimentos, as tecnologias, as práticas e os esforços dos povos indígenas e comunidades locais na busca por soluções aos impactos das mudanças do clima.

O objetivo desta Plataforma é facilitar o intercâmbio de experiências e o compartilhamento de melhores práticas e lições aprendidas relacionadas com a mitigação e adaptação às mudanças do clima e melhorar o engajamento e participação dos Povos Indígenas e Comunidades Locais nos processos deste órgão das Nações Unidas (UNFCCC).

A estruturação da Plataforma está prevista a partir de três eixos principais de base, que se inter-relacionam: conhecimento tradicional; capacidade de engajamento; políticas e ações sobre a mudança climática.  Está prevista também a criação de uma base virtual de dados na web, um site específico da Plataforma.

Funções da Plataforma

Conhecimentos Tradicionais – A Plataforma pode promover um espaço para documentação e troca de experiências e melhores práticas de Povos Indígenas e Comunidades Locais relacionadas à mitigação e adaptação às mudanças do clima.

Capacidade de Engajamento – A Plataforma pode construir capacidades para os Povos Indígenas e Comunidades Locais alcançarem um engajamento relevante na UNFCCC e processos de implementação do Acordo de Paris.

Políticas e Ações de Mudanças Climáticas – A Plataforma pode facilitar a integração de diversos sistemas de conhecimento, práticas e inovações; e o engajamento de Povos Indígenas e Comunidades Locais em ações, programas e políticas climáticas.

Para operacionalizar as atividades da Plataforma e facilitar a implementação de suas três funções foi constituído na Conferência do Clima de 2018 (COP 24, realizada na Polônia) um Grupo de Trabalho Facilitador (FWG, sigla em inglês), composto por 14 representantes, metade dos quais são representantes dos países, e metade de organizações de povos indígenas das diferentes sub regiões mundiais. Este grupo se reúne duas vezes por ano e é responsável por dar andamento à implementação através de um “Plano de Trabalho para a Implementação da Plataforma” nos próximos 2 anos – 2020-2021, que foi aprovado na COP25 (realizada em Madri, em dezembro de 2019) e passa a funcionar em 2020.

Com o intuito de promover maior engajamento dos povos indígenas e comunidades locais estão previstas, dentre as atividades para implementação da Plataforma Oficinas Temáticas de Trabalho abertas aos atores envolvidos e Partes (países) interessadas. As atividades se destinam, também, a promover maior alcance e impactos da Plataforma em vários níveis: comunitário/local/regional, nacional e internacional. Por isso, o Grupo de Trabalho Facilitador buscará conduzir estas atividades em colaboração com outros organismos, dentro e fora da ONU, de forma a garantir principalmente a participação, representatividade e legitimidade dos povos envolvidos. Espera-se que os países articulem Plataformas Nacionais.

A plataforma deverá facilitar a realização de uma ação climática mais forte por parte dos povos indígenas e das comunidades locais, que podem contribuir para o cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) de cada país relativas ao desenvolvimento sustentável e à proteção dos biomas. Reconhece também o papel destes povos, com seus conhecimentos e práticas tradicionais, na criação de formas inovadoras para lidar com os impactos das mudanças do clima. 

A partir do reconhecimento em relação às obrigações e instrumentos internacionais voltados aos direitos indígenas, como a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Convenção 169 da OIT, a Plataforma deverá facilitar a integração de diversos sistemas de conhecimento, práticas e inovações na concepção e implementação de Ações, Programas e Políticas, internacionais e nacionais, respeitando os direitos e interesses das Comunidades Locais e Povos Indígenas, incluindo o direito à Consulta Prévia, Livre e Informada. 

A Plataforma estabelece ainda, de modo inédito dentro da UNFCCC, um mecanismo de representação e participação de povos indígenas e comunidades locais nas negociações que envolvem a sua criação e implementação; pela primeira vez no órgão das Nações Unidas para Mudanças do Clima estes povos sentam à mesma mesa de negociação com os governos, de modo direto e em condição de igualdade representativa.

FÓRUM INTERNACIONAL DE POVOS INDÍGENAS PARA MUDANÇAS DO CLIMA

A participação indígena nas negociações da Plataforma tem ocorrido através do Fórum Internacional de Povos Indígenas para Mudanças do Clima (IIPFCC, sigla em inglês). Este Fórum foi estabelecido em 2008, após longo processo de participação dos povos indígenas desde a Cúpula do Clima Rio 92, como o comitê para os povos indígenas do mundo todo que participam dos processos do órgão da ONU para mudanças do clima (na UNFCCC). Esta participação de representantes das 7 macro regiões mundiaisÁfrica, Ártico, Ásia, América do Norte, América Latina e Caribe, Pacífico e Rússia e Leste Europeu, conforme subdivisão adotada pela ONU, se organiza através das reuniões dos Caucus Indígena durante as Conferências das Partes (COPs) e das Conferências técnicas, que ocorrem entre as COPs. As reuniões do Caucus Indígena têm como foco discutir e entrar em acordo sobre o posicionamento dos povos indígenas nas negociações durantes a conferências da UNFCCC (COPs e das reuniões dos seus órgãos técnicos).

O Caucus Índígena tem incidido no processo de construção e implementação da  Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas, propondo quatro princípios gerais, todos formulados dentro da estrutura da Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas:

  • Participação plena e efetiva dos povos indígenas;
  • Estatuto de igualdade dos povos indígenas e das Partes (países), incluindo papéis de liderança;
  • Auto-seleção de representantes dos povos indígenas de acordo com procedimentos próprios das pessoas e grupos;
  • Financiamento adequado do Secretariado da Convenção do Clima e contribuições voluntárias para permitir a implementação das funções da Plataforma.
Membro do Fórum Internacional de Povos indígenas para Mudanças do Clima desde 2017, a RCA, representando as suas 14 organizações, tem acompanhado e buscado apoiar a participação de seus representantes indígenas para incidir e colaborar neste processo de construção e negociação da Plataforma; tendo participado de todas as Conferências do Clima desde a assinatura do Acordo de Paris (COP21/Paris,2015, COP22/Marrakesh,2016; COP23/Bonn,2017; COP24/Katowice,2018 e COP25/Madri, 2019) e das Conferências Técnicas (Conferência do Clima de Bonn/Maio 2017; Conferência do Clima de Bonn/Maio 2018; Conferência do Clima de Bonn/Junho 2019; Pré-COP 25/Costa Rica, outubro de 2019). Através destas participações, articuladas e alinhadas ao movimento indígena nacional, à Câmara Técnica de Mudanças Climáticas do Comitê Gestor da PNGATI e ao Fórum Internacional de Povos Indígenas para Mudanças do Clima, os representantes da RCA têm buscado colaborar nas negociações da Plataforma através de diálogos com os representantes do governo brasileiro e de outros governos na reuniões do Órgão Subsidiário para Assessoria Técnica e Científica (SBSTA), nas reuniões do Grupo de Trabalho Facilitador da Plataforma (FWG1/Bonn, 2019; FWG2/Madri,2019) e na realização de eventos paralelos. 
MATERIAIS AUDIOVISUAIS PRODUZIDOS PELA RCA

Quentura – um filme sobre as percepções das mulheres indígenas da Amazônia brasileira em relação às mudanças climáticas

Muito quente!
As piracemas não vêm na época certa e as pimenteiras acabam morrendo com tanta quentura.
“É um tempo muito diferente, que nem os espíritos estão conseguindo entender”. 
De suas roças, casas e quintais, as mulheres indígenas da Amazônia nos envolvem em seu vasto universo de conhecimentos ao mesmo tempo em que observam os impactos das mudanças climáticas nos seus modos de vida.

A RCA, em parceria com o Instituto Catitu e com apoio da Rainforest/RFN e das organizações membro da rede, produziu o filme “Quentura”, sobre as percepções, práticas e saberes das mulheres indígenas da Amazônia brasileira em relação ao meio ambiente e às mudanças do clima. A partir dos depoimentos de mulheres indígenas de comunidades do Rio Negro/Amazonas, da Terra Indígena Yanomami (Comunidade de Maturacá/Amazonas) e das mulheres kaxinawá da Terra Indígena do Rio Jordão/Acre, assim como de três representantes indígenas da RCA que têm se destacado nos processos de incidência política nesta área (Sinéia do Vale/Conselho Indígena de Roraima, Francisca Arara/Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre e Almerinda Lima/Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro); o filme busca compartilhar suas visões e reflexões sobre as alterações percebidas no tempo, no ritmo das estações, nos ciclos dos animais, no calendário das roças e pesca, e nas relações entre estas mudanças e o bem viver na comunidade.

Diálogo de Talanoa dos Povos Indígenas do Brasil

O Diálogo de Talanoa é uma metodologia proposta pelo Acordo de Paris (COP21/2015) para realização de um diálogo facilitador voltado entre os países signatários da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças do Clima (UNFCCC, sigla em inglês), e seus diversos setores, em relação aos esforços coletivos voltados à redução da emissão de gases de efeito estufa, com o objetivo de conter o aumento da temperatura global.

A RCA tem buscado apoiar maior participação e protagonismo indígena nas negociações do clima e, neste contexto,  propôs e articulou a realização do Diálogo de Talanoa dos Povos Indígenas do Brasil – realizado no mês de novembro de 2018, no Memorial dos Povos Indígenas (Brasília/DF) – em parceria com a Câmara Técnica de Mudanças Climáticas do Comitê Gestor da PNGATI, APIB e COIAB – e suas organizações de base, e com o apoio do Ministério do Meio Ambiente/MMA, FUNAI, Ministério das Relações Exteriores/MRE, Fundação Rainforest da Noruega/RFN e outras organizações parceiras (indigenistas e ambientalistas) da sociedade civil. Os resultados desse Diálogo foram anexados ao Relatório Oficial do Brasil para a Conferência das Partes (COP24), que ocorreu em dezembro de 2018 na cidade de Katowice/Polônia, produzido e apresentado pelo MMA.

 

Formação em Mudanças Climáticas e Incidência Política

Em 2016, a RCA iniciou em parceria com o Instituto Socioambiental-ISA o Módulo I da Formação em Mudanças Climáticas e Incidência Política, em Brasília-DF. Representantes das organizações indígenas da RCA: Apina, ATIX, AMAAIAC, CIR, Hutukara, FOIRN, OGM, OPIAC e Wyty Cate, junto aos representantes do Comitê Indígena de Mudanças Climáticas – CIMC, participaram deste primeiro módulo, registrado neste vídeo, com a mediação e coordenação de Aílton Krenak e equipe do ISA.

SEMINÁRIO – PERCEPÇÕES E EXPERIÊNCIAS DOS POVOS INDÍGENAS NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS – trabalho final da I turma em Mudanças Climáticas e Incidência Política RCA/ISA no Congresso Nacional, organizado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Deputado Nilto Tatto. Data: 03 de outubro de 2017. Plenário 02 – Anexo II, Câmara dos Deputados, Brasília/ DF. Participação:
Davi Kopenawa Yanomami/Hutukara, Ailton Krenak, Almerinda Ramos de Lima/FOIRN – Ana Roberta Uglo/ARPINSUL/ CIMC, André Baniwa/FOIRN, Armindo Góes/Hutukara, Élcio Manchineri/COIAB/CIMC, Estevão Bororo/CIMC, Francisca Oliveira de Lima/OPIAC, Francisco Carlos Dipeta/APOINME, Iannuzy Tapajós Mota/UMIAB/CIMC, Jatuta Wajãpi/APINA, Josias Pereira Kaxinawa/AMAAIAIC, Mauricio Tome Rocha/Hutukara, Mauro Pedrosa/FOIRN, Oscar Apinajé/Wyty Cate, Paulo Silva Marubo/UNIJAVA, Sineia Bezerra do Vale/CIR, Soleane Manchineri/OPIAC, Telma Sanches Taurepang/CIR, Viseni Wajãpi/APINA, Vitor da Silva Mayuruna/OGM Yakari Mehinaku Kuikuro/ATIX.

Para acessar os álbuns de fotos: Seminário Final de Aperfeiçoamento em Mudanças climáticas e incidência Política/2019; PréCOP25_Costa Rica/2019; Encontro de Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira em Roraima/2018, Seminário de Mudanças Climáticas no Acre/2018Estréia do filme QUENTURA,Cine-SESC-SP, QUENTURA: Memorial dos Povos Indígenas- Roda de conversa com mulheres indígenas,  Formação em Mudanças Climáticas e Incidência Política-Módulo FinalRCA na COP23Conferência do Clima/Alemanha 2017, COP-22/Marrakesh2016Formação em Mudanças Climáticas e Incidência Política- Mód. I,  Seminário sobre mudanças climáticas/ISA.

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Rede de Cooperação Amazônica

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